É muito comum ouvir em pregações, livros
evangélicos, sites da Internet é até mesmo em comentários bíblicos que os sumo
sacerdotes tinham uma corta atada ao tornozelo por ocasião de sua entrada no
Santo dos Santos no Yom
Kippur(Dia do Perdão). O objetivo desse
costume seria o de permitir o resgate do corpo do sumo sacerdote caso fosse
consumido pela ira divina, mas seria isso verdade?
Todd Bolen,
professor de Estudos Bíblicos no Israel Bible
Extension do The Master’s College,
Santa Clarita, Califórnia, USA, afirma que é isso um mito. Ele destaca que esse
costume
“não é encontrado em nenhuma fonte antiga,
incluindo a Bíblia hebraica, o Novo Testamento, os Manuscritos do Mar Morto,
Flávio Josefo [historiador judeu do primeiro século], os apócrifos, a Mishnah,
o Talmude babilônico ou o Talmude de Jerusalém”[1].
A mais antiga referência que o professor Todd Bolen
conhece está no Zohar,
uma coleção de comentários místicos sobre a Torá surgido no século 13 d.C. A
citação seria a seguinte:
“O nó de uma corda de ouro pende de uma perna,
talvez por medo que ele morresse no Santo dos Santos, e eles seriam obrigados a
retirá-lo com esta corda”.
Ainda que Todd Bolen seja digno de confiança,
resolvi consultar outras fontes. Achei isso:
“the Zohahr (a text of
Hasidic Judaism) records the tradition that people outside the Holy Place took
precautions for removing the high priest's body (by means of a rope attached to
his ankle) if the should have an improper thought while performing his duties
before the Ark and be killed”[2].
“a Zohar (um texto do judaísmo hassídico) registra
a tradição de que as pessoas fora do Lugar Santo tomavam precauções para
remover o corpo do Sumo Sacerdote (por meio de uma corda amarrada ao
tornozelo), caso morresse após ter um pensamento inadequado durante a execução
de suas funções diante da Arca”.
E isso:
“of a tradition found in
the zohar, i.e., a rope was attached to the high priest for the
purpose of dragging him out off the holy place should he die there”[3].
“uma tradição encontrada no Zohar [afima que] uma
corda era atada ao sumo sacerdote, a fim de arrastá-lo para fora do lugar
sagrado caso ele morresse por lá.
Estes dois textos confirmam que essa tradição teve
início na Zohar. Quem ainda não estiver convencido pode ler o artigo do Rabino Dr.
Ari Zivotofsky Z. Ele também contesta a Zohar:
“Embora tenha havido uma real preocupação por parte
do Kohen Gadol [Sumo Sacerdote] por sua sobrevivência, não há nenhuma
referência a essa prática na Mishná, Talmud e Midrash. O Zohar, no entanto,
afirma que uma corrente de ouro era amarrada ao tornozelo do Kohen Gadol, mas
outras fontes, tanto haláchicas e agádicas, poderiam questionar esta
afirmação”[4].
Após tudo isso eu acho que não dá
mais para continuar insistindo nessa história. Mas a decisão é sua...
Notas:
[2] PRICE, Randall. The Ark
of the Covernant. Eugene, Oregon: Harvest House Publishers, 2005, p. 120
[3] Zohar Achrei Mot 67a; Zohar
Emor 102a apud MACKIE, Scott D. Eschatology and Exhortation in the
Epistle to the Hebrews. Tübingen, Germany: Mohr Siebeck, 2007,
p. 203.
[4] Disponível em: <http://www.ou.org/index.php/jewish_action/article/57327/> acesso em 05 de maio de 2010.
Fonte: numinosum teologia
Este comentário foi removido pelo autor.
ResponderExcluirMUITO BOM, INFORMAÇÃO PRECISA.
ResponderExcluirMUITO BOM, INFORMAÇÃO PRECISA.
ResponderExcluir