Rádio EFTEPRO

domingo, 31 de maio de 2015

Canonização do Novo Testamento


A História da canonização do Novo Testamento

Trabalho de doutorado em Exegese do Novo Testamento

Introdução. O que virá adiante faz parte do meu doutorado, onde exclui o evangelho de Lucas, em especifico como ponto de partida o capítulo 16 e em especial o versículo 19 em diante.

I. Considerações Preliminares. 
O cânon é a coleção de 27 livros que a igreja (geralmente) recebe como parte construtiva do Novo Testamento. A história do cânon é a história do processo pelo qual estes livros foram reunidos e o valor deles oficialmente gerou o Novo Testamento oficialmente reconhecido. O processo de canonização foi gradual, sendo avançado por necessidades definidas, e, entretanto inquestionavelmente contínuo. Há duas considerações de sua construção. Estes são:

1. Os cristãos primitivos tiveram o Antigo Testamento: 

Os cristãos primitivos tiveram em mãos o que para eles era a Bíblia, isto é, os livros do Antigo Testamento. Estes foram usados a uma extensão surpreendente na instrução Cristã. Durante um século inteiro depois da morte de Jesus.

2. Nenhuma intenção de escrever um Novo Testamento: 
Quando iniciaram o trabalho de escrever uma carta, ninguém teve o propósito definido de contribuir para a formação do que nós chamamos hoje de “Bíblia.” Todos os escritores do Novo Testamento olharam para “o fim” como algo próximo. As suas palavras eram apenas para satisfazer as necessidades definidas em suas nas vidas e com pessoas a eles relacionadas. Não houve nenhum pensamento de criar uma literatura sagrada nova. As circunstâncias e influências que provocaram este resultado serão brevemente fixado adiante.

II. O processo em três fases. 

Para conveniência de definição de impressão o processo inteiro pode ser separado em três fases:

a) O tempo dos apóstolos até 170 d.C;

b) Os anos finais do 2º século e o inicio do 3º (170-220 d.C);

c) Do 3º ao 4º século.
No primeiro se busca as evidências do crescimento em avaliação ao valor estranho das escritas do Novo Testamento; no segundo se descobri o reconhecimento claro, uma grande parte destas escritas como sagrado e autorizado; no terceiro a aceitação do cânon completo tanto no Leste como no Oeste.


1. Dos Apóstolos a 170 d.C: 


1.1. Clemente de Roma; Inácio; Policarpo: 
O primeiro período estende-se a 170 d.C. Ao final do 1º século todos os livros do Novo Testamento eram existentes. Eles eram, como tesouros de determinadas igrejas, extensamente separados e honrados como contendo a palavra de Jesus ou o ensino dos apóstolos. Os primeiros livros a serem reconhecidos eram aqueles que gozavam a autoridade de Jesus.

O crescimento da igreja e a partida dos apóstolos para terras distantes enfatizaram o valor dos escritos do Novo Testamento. No inicio de período primitivo houve o desejo de que cada igreja obtivesse instrução de cada carta para que houvesse um meio de conduta ideal.

Policarpo (110 d.C?) escrevendo aos Filipenses: “eu recebi as vossas cartas como também as de Inácio. Vocês recomendam que eu envie para a Síria; Eu tão farei pessoalmente ou por outros meios. Em retorno, eu lhes envio a carta de Inácio como também outras que eu tenho em minhas mãos as quais vocês pediram. Elas servirão para edificar a fé e a perseverança" (Carta aos Filipenses, XIII).

Esta é uma ilustração do que deve ter acontecido para avançar o conhecimento das escritas dos apóstolos. Até que ponto os livros do Novo Testamento começaram a serem difundidos é impossível dizer, mas é justo deduzir que uma coleção das epístolas de Paulo já existia no período de Policarpo quando escreveu aos filipenses e quando Inácio escreveu as suas sete cartas para as igrejas da Ásia Menor, i.e. aproximadamente 115 d.C.

Clemente de Roma, em 95 d.C, escreveu uma carta em nome dos cristãos de Roma para os de Corinto. Na carta ele faz menção de registros encontrados em Mt, Lc, dando isto uma retribuição grátis (veja capítulos 46 e 13); ele foi influenciado muito pela Epístola aos hebreus (veja capítulos 9, 10, 17, 19, 36). Ele reconhece romanos, coríntios, e também há menção de 1 Tm, Tt, 1 Pe e Ef.

As Epístolas de Inácio (115 d.C) tem muita semelhança ao conteúdo dos evangelhos em vários lugares (Ef 5; Rm 6; 7) e incorpora muitas relações em sua cartas semelhantes a das epístolas Paulinas. A Epístola de Policarpo faz uso de filipenses, e além disto cita nove das outras epístolas de Paulo. Inácio cita Mateus, aparentemente de memória; também 1 Pedro e 1 João.

Com respeito ao que Clemente, Policarpo e Inácio escreveram não é o bastante para dizer que eles nos trazem reminiscências ou cotações disto ou daqueles livros. O ensino dos doze apóstolos (aproximadamente 120 d.C em sua forma presente); a Epístola de Barnabé (aproximadamente 130 d.C) e o Pastor de Hermas (aproximadamente 130 d.C). Estes exibem os mesmos fenômenos assim como está atestado nas escritas de Clemente, Inácio e Policarpo.



2. O valor dos escritos: 


2.1. Os gnósticos, Marcion: 
Basilides considerado o grande mestre que ensinou na Alexandria durante o reinado de Adriano (d.C 117-38), teve por tradição a autoridade dos apóstolos Matias e Glaucias, intérprete alegado de Pedro, ele testemunhou Mateus, Lucas, João, Romanos, 1 Coríntios, Efésio, e Colossenses no esforço para recomendar as suas doutrinas.

O mais notável dos Gnósticos era Marcion, um nativo de Pontus. Ele foi para Roma (aproximadamente 140 d.C). Em defesa das suas visões, ele formou o seu próprio cânon que consistia no Evangelho de Lucas e dez das epístolas de Paulo. Ele rejeitou as Epístolas Pastorais, Hebreus, Mateus, Marcos, João, Atos, as epístolas católicas e o Apocalipse, e fez uma recensão do evangelho de Lucas e as epístolas de Paulo que ele aceitava. A importância do seu trabalho está no fato de que é ele quem dá a primeira evidência clara da canonização das epístolas de Paulo.

2.2. De 170 d.C a 220 d.C: 
O período de 170 d.C a 220 d.C. Inicia a idade de uma literatura teológica volumosa, ocupando os grandes assuntos do cânon da igreja e do credo. É o período dos grandes nomes como: Irineu, Clemente de Alexandria, e Tertuliano, representando a Ásia Menor, Egito e a África.

2.2.1. Irineu. 
Nasceu na Ásia Menor, viveu e ensinou em Roma e se tornou o bispo de Lions posteriormente. Fora discípulo de Policarpo, o qual, também fora discípulo do apóstolo João. Defensor sério da verdade, ele fez do Novo Testamento em grande parte a sua autoridade. Os quatro Evangelhos, Atos, as epístolas de Paulo, e a maioria das epístolas católicas e o Apocalipse é para ele a Bíblia em o sentido mais pleno da verdade o qual ele considerou genuínos e autorizados, assim como em seu tempo o Antigo Testamento já era. Tertuliano segue a mesma posição, enquanto Clemente de Alexandria aceita apenas os quatro evangelhos como a “Bíblia.” No final do 2º século foi resolvido o cânon dos evangelhos. O mesmo aconteceu com as epístolas de Paulo.

Irineu fez mais de duzentas citações de Paulo, ele foi considerado o maior defensor das epístolas de Paulo. Pode se dizer que o cânon do Novo Testamento era para ele os evangelhos e os apóstolos. O título Novo Testamento parece ter sido usado pela primeira vez por um escritor desconhecido contra o Montanhismo (aproximadamente 193 d.C). Após Orígenes e escritos posteriores é que esse termo é utilizado.


2.3. O Fragmento Muratoriano. 
O fragmento muratoriano é assim denominado porque sua descoberta em 1740 se deu pelo bibliotecário de Milão, Muratori. Sua datação está perto do fim do 2º século, é de interesse vital no estudo da história do cânon, pois registra uma lista dos livros do Novo Testamento. Contêm os Evangelhos (inicia com Marcos, mas Mateus é claramente incluído), Atos, as epístolas de Paulo, Apocalipse, 1 e 2 João e Judas.

Não menciona 1 e 2 Pedro, Hebreus, Tiago. Nesta lista se tem a posição do cânon do final do 2º século. Sete livros não tiveram contudo um lugar seguro ao lado dos evangelhos, e as cartas de Paulo como também as igrejas da palestina e síria rejeitaram o Apocalipse por muito tempo, enquanto algumas das epístolas católicas estavam no Egito considerado duvidoso. A história da aceitação final do Cânon e seus livros só se deram perto do inicio do terceiro século.

3. 3º e 4º Séculos: 


3.1. Orígenes: 
Nasceu na Alexandria aproximadamente em 185 d.C. Em 203 foi designado bispo, e morreu em 254. A sua fama se deu na habilidade com os manuscritos, ele foi considerado como o maior exegeta, entretanto ele trabalhou laboriosamente e prosperamente em outros campos.

O seu testemunho é de valor alto, não simplesmente por causa dos seus próprios estudos, mas também por causa do seu conhecimento o qual estar em debates em centros do cristianismo no mundo em seu tempo. Apenas os Evangelhos, as epístolas de Paulo e Atos, que ele aceitou como canônico.

3.1. Dionísio: 
Outro nome notável deste século é Dionísio de Alexandria, um discípulo de Orígenes (morreu 265). A discussão mais interessante dele está em considerar o livro do Apocalipse a um João desconhecido, mas ele não ignora sua inspiração.

É um fato singular que a igreja ocidental o aceitou logo de inicio, enquanto sua posição no oriente foi variável. Com respeito às epístolas católicas Dionísio apóia Tiago, 2 e 3 João, mas não 2 Pedro e Judas.

3.2. Cipriano: 
No Oeste o nome de Cipriano, bispo de Cartago (248-58 d.C), era muito influente. Ele estava muito comprometido em controvérsia, mas um homem de grande força pessoal. O livro do Apocalipse que honrou altamente, mas concernente ao livro de hebreus ele não considerava como canônico. Ele também recorre a só dois das epístolas católicas, 1 Pedro e 1 João.

3.3. Eusébio: 
Inicio do 4º século (270-340 d.C), bispo de Cesárea antes de 315. Os critérios para cada um deles eram: autenticidade e apostolicidade, e na lista houve os Evangelhos, Atos, e as epístolas de Paulo. Entretanto os livros disputados, i.e. Os que foram reconhecimento parcialmente foram: Tiago, Judas, 2 Pedro e 2 João. Já o livro do Apocalipse ele não estava seguro. Vê-se que não houve muito avanço no 3º século. Tudo isso demonstra que nenhuma decisão oficial e nem uniformidade ao canon foi uso da igreja. Na metade do 4º século repetiu-se e foram feitos esforços para acabar com a incerteza.

3.4. Atanásio: 
Atanásio em uma de suas cartas pastorais com relação à publicação do calendário eclesiástico dá uma lista dos livros que ele teve como Bíblia, e na porção do Novo Testamento são incluídos todos os 27 livros que nós reconhecemos agora. “Estes são a fonte da salvação", ele escreve.

Gregório de Nazianzo (morreu 390 d.C) também publicou uma lista que omite Apocalipse, como fez Cirilo de Jerusalém (morreu 386), e totalmente ao término do século (4º) Isidoro fala do “cânon de verdade, como Escritura Divina”. Durante um tempo considerável o livro do Apocalipse não foi aceito nas igrejas palestinas ou sírias. 
Atanásio ajudou para a sua aceitação na igreja de Alexandria. Porém, algumas diferenças de opinião continuaram. A igreja da síria não aceitou todas as epístolas católicas.

4. Concilio de Cartago, Jerônimo; Agostinho:

O Concilio de Cartago em 397, decretou que os livros que não estavam inseridos na Bíblia não deveriam ser lidos nas igrejas e nem considerados como Escrituras Divinas.

Depois que houve um empenho para atestar a unanimidade, mesmo assim houve divergência de julgamento. Os livros que tinham variado por estes séculos eram o Apocalipse e as cinco epístolas católicas. O avanço do Cristianismo por Constantino teve muito significado para a recepção do grupo inteiro dos livros em sua época. 
A tarefa que o imperador deu a Eusébio para preparar “cinqüenta cópias da Escritura Divina” estabeleceu um padrão que ao seu tempo deu reconhecimento aos livros que até então eram duvidosos. No Oeste, Jerônimo e Agostinho eram os protagonistas na determinação do cânon. A publicação da Vulgata fez determinar o assunto.

A conclusão que se chega é que o elemento humano fora o envolvimento no processo inteiro de formar o Novo Testamento. Ninguém disputou um dominio providencial de tudo. É bom ter em mente que todos os livros não têm o mesmo título no cânon até a sua história de atestação. Porém, claro e cheio e unânime foi desde o princípio o julgamento nos Evangelhos, Atos, as epístolas de Paulo, 1 Pedro e 1 João.


(Esta obra pertence ao Prof. Fabio Sabino e foi retirada do site: Exegese Biblica)

quinta-feira, 21 de maio de 2015

Os livros Apócrifos.





Durante muito tempo, vários livros do Cristianismo permaneceram na obscuridade. Por apresentarem informações que divergiam da doutrina ortodoxa estabelecida pela igreja, foram considerados heréticos, e acabaram não sendo incluídos na versão oficial da Bíblia.
Muitos desses livros se perderam no tempo, outros foram destruídos, e é provável ainda que o Vaticano tenha em seu poder parte dessas obras cujo conteúdo é de extrema importância para que possamos entender o surgimento da religião que tem hoje o maior número de seguidores no mundo.
Diferente do relato da Criação encontrado no Gênesis, escritos apócrifos contam uma história complexa e fascinante sobre as coisas que já estavam em existência antes da Criação; e que neste Universo, que surgiu depois, não tem apenas um céu e um deus, mas muitos céus e deuses numa hierarquia de poderes conflituosos. Esses poderes e autoridades que foram estabelecidos produziram não somente os humanos, mas também inúmeros outros seres, e raças que se assimilaram à humanidade há muito tempo atrás.
Há descrições de como a vida se iniciou 'nas águas', e eventos catastróficos de destruição em massa que se sucederam; como o dilúvio, que ecoa nas tradições de diversos povos antigos; e a conflagração, uma chuva de fogo, asfalto, e enxofre, lançada sobre a Terra pelos regentes. Poderiam estes acontecimentos terem sido os responsáveis pela extinção e o desaparecimento dos dinossauros?
Se não fosse pelas evidências materiais que podem ser rastreadas através dos acontecimentos narrados, poderia se dizer que estes textos são o mais fantástico trabalho de ficção já feito, dada a coerência da história relatada, e a sofisticação de seus conceitos metafísicos que hoje possuem poucos ou nenhum equivalente.

A sabedoria proibida ressurge

Com a descoberta da Biblioteca de Nag Hammadi, em 1945 no Egito, treze manuscritos antigos contendo mais de cinquenta textos trouxeram à tona os pensamentos que circulavam nos meios gnósticos do início do Cristianismo e que tanto preocupavam a igreja.
O que em tempos remotos era um privilégio apenas para os mais avançados estudantes de teosofia, hoje revoluciona nosso entendimento sobre um dos personagens mais intrigantes de toda a história. Quem foi Jesus? Um louco? Um mensageiro? Ele realmente existiu?
Um dos evangelhos apócrifos encontrados em Nag Hammadi é o Evangelho de Tomé, e nele encontramos uma versão bem diferente do Jesus bíblico. Nos escritos, Jesus pouco menciona pecado, se posiciona contra a igreja; acusa os doutores e cientistas de terem roubado e escondido as chaves da sabedoria, obstruindo o processo de salvação; e diz que não veio ao mundo para a paz, mas para a guerra.
Tem também uma impressionante reviravolta na lenda de Adão e Eva, a árvore da sabedoria e a queda do Paraíso; a relação dos deuses com a humanidade; reinos eternos e a descida de seres imortais para a Terra; impérios de deuses e anjos em outros planetas e seus domínios nos céus do caos. Conteúdos estes que por vezes se assemelham a lendas Sumérias e Babilônicas, como os tabletes do Enuma Elish, ou o Épico de Gilgamesh. E se são apenas lendas, por que culturas distintas em épocas tão diferentes insistem em contá-las com uma sequência de fatos e riqueza de detalhes tão extraordinárias?
Se a verdade estiver na sua frente, você seria capaz de reconhecê-la?

Veja aqui em primeira mão e na íntegra, a tradução dos livros secretos:

A Origem do Mundo

(Consequentemente, quatro raças existem) *

Apocalipse de Adão

(palavras que nenhuma geração dos homens conhecerá)

Apócrifo de João (versão longa)

(e assim a humanidade foi escravizada para sempre)

Apocalipse de Pedro (gnóstico)

(Almas adoram as formas carnais que foram geradas com elas.)

Segundo Tratado do Grande Seth

(Porque ele era um homem terrestre, mas eu, eu vim do lugar acima dos céus)

Revelações e Pensamentos Gnósticos

(No fim desta estrada há uma árvore cuja altura chega até as nuvens)

Protenóia Trimórfica

(Desistam, vocês que andam na matéria, pois vejam, eu estou descendo ao mundo dos mortais)

Carta de Pedro a Felipe

(eles não me reconheceram; eles estavam achando que eu era um homem mortal)

O Trovão, Mente Perfeita

(E eles me encontrarão lá, e eles viverão, e eles não morrerão novamente.)

A Sabedoria Secreta de Cristo

(Eu vos dei autoridade sobre todas as coisas como Filhos da Luz, para que vocês possam esmagar o poder deles com vossos pés)

Apocalipse de Paulo

(Deixe a sua mente acordar, Paulo)

A Hipóstase dos Arcontes

(e todos que se instruíram sobre estas coisas existem como imortais no meio da humanidade mortal)

O Livro de Tomé o Contendor

(Pois quando você sair dos sofrimentos e das paixões do corpo, você irá receber descanso)

Ensinamento Autorizado

(Deste mesmo modo nós existimos neste mundo, como peixes.)

Apocalipse de Tiago

(EU SOU aquele que estava dentro de mim. Eu nunca sofri de modo algum, nem estive angustiado.)

Apócrifo de Tiago

(deste momento em diante, eu irei me despir, para que eu possa me vestir)

Segundo Apocalipse de Tiago

(esta sabedoria é cobiçada por um criador inferior, e a civilização que ele criou ainda não terminou.)
 

Fonte: site Mistérios Antigos

Quem eram os Gnósticos?

 

 

Quem são os gnósticos?

Michelle Veronese | 01/06/2006 00h00
Um dos vários grupos religiosos que surgiram por volta do século 1, os gnósticos afirmavam ter acesso a um conhecimento (do grego, gnosis) secreto que os levaria à salvação. Presentes em grandes centros, como Egito e Síria, acreditavam que todos os seres humanos possuíam uma centelha divina e, despertando esse pedacinho de Deus dentro de si, poderiam se reconectar a ele e ser salvos.
Os gnósticos diziam que o mundo material era imperfeito, porque havia sido criado por uma outra divindade, inferior a Deus. E não achavam necessário ter intermediários entre os homens e o mundo divino. Com o aparecimento de Jesus e o começo do estabelecimento do cristianismo, muitos gnósticos passaram a considerá-lo um mestre espiritual, enviado para revelar esses ensinamentos. Por isso, passaram a ser chamados de gnósticos cristãos.
Como suas idéias feriam os dogmas da Igreja, eles foram tachados de hereges e combatidos nos séculos 2 e 3. “O grande temor era que o cristianismo, influenciado pelo gnosticismo, se tornasse uma religião de idéias, de conhecimento intelectual, não sendo acompanhada por feitos práticos”, diz o teólogo Luigi Schiavo, da Universidade Católica de Goiás.
 Na verdade, não existe tal conceito de Gnosticismo Cristão, pois o verdadeiro Cristianismo e o Gnosticismo são sistemas de crença que se excluem mutuamente. Os princípios do Gnosticismo contradizem o que significa ser cristão. Portanto, embora algumas formas de Gnosticismo afirmem ser cristãs, elas são decididamente não-cristãs.

O Gnosticismo talvez fosse a heresia mais perigosa que ameaçava a igreja primitiva durante os primeiros três séculos. Influenciado por filósofos como Platão, o Gnosticismo é baseado em duas premissas falsas. Primeiro, essa teoria sustenta um dualismo em relação ao espírito e à matéria. Os gnósticos acreditam que a matéria seja essencialmente perversa e que o espírito seja bom. Como resultado dessa pressuposição, os gnósticos acreditam que qualquer coisa feita no corpo, até mesmo o pior dos pecados, não tem valor algum porque a vida verdadeira existe no reino espiritual apenas.

Segundo, os gnósticos acreditam que possuem um conhecimento elevado, uma “verdade superior”, conhecida apenas por poucos.

Para descartar a ideia de qualquer compatibilidade entre o Cristianismo e o Gnosticismo, é necessário comparar o que os dois ensinam sobre as doutrinas principais da fé. Quanto à salvação, o Gnosticismo ensina que salvação é adquirida através da posse de conhecimento divino que liberta o ser das ilusões da escuridão. Apesar de clamarem seguir a Jesus Cristo e Seus ensinamentos originais, eles O contradizem frequentemente. Jesus nada falou sobre salvação através de conhecimento, mas através de fé nEle como Salvador do pecado. “Porque pela graça sois salvos, por meio da fé; e isto não vem de vós, é dom de Deus. Não vem das obras, para que ninguém se glorie” (Efésios 2:8-9). Além disso, a salvação que Cristo oferece é de graça e disponível a qualquer um (João 3:16), não apenas a uma certa elite que adquiriu uma revelação especial.

O Cristianismo afirma que há apenas uma fonte de Verdade, e essa é a Bíblia, a inspirada e inerrante Palavra do Deus vivente, a única regra infalível de fé e prática (João 17:17; 2 Timóteo 3:15-17; Hebreus 4:12). Ela é a revelação escrita por Deus aos homens e nunca deve ser substituída pelos pensamentos, ideias, escrituras ou visões humanas. Os gnósticos, por outro lado, usam uma variedade de documentos hereges e primitivos conhecidos como os Evangelhos Gnósticos, uma coleção de farsas que clama ser os “livros perdidos da Bíblia”. Ainda bem que os fundadores da igreja primitiva quase que por unanimidade reconheceram que esses livros eram farsas fraudulentas que sustentavam doutrinas falsas sobre Jesus Cristo, salvação, Deus e todas as outras verdades cruciais da fé Cristã. Há inúmeras contradições entre os Evangelhos Gnósticos e a Bíblia. Mesmo quando os tão chamados “Gnósticos Cristãos” citam a Bíblia, eles reescrevem os versículos e partes dos versículos para concordarem com a sua filosofia; essa é uma prática fortemente proibida, contra a qual as próprias Escrituras nos advertem (Deuteronômio 4:2, 12:32; Provérbios 30:6; Apocalipse 22:18-19).

O Cristianismo e Gnosticismo também diferem drasticamente quanto à Pessoa de Jesus Cristo. Os gnósticos acreditam que o corpo físico de Jesus Cristo não era real, mas apenas “aparentava” ser físico e que o seu espírito descera sobre Ele no seu batismo e o abandonara bem antes de sua crucificação. Tais concepções destroem não só a humanidade de Jesus, mas também a expiação, pois Jesus tinha que ter sido não só Deus verdadeiro, mas também um verdadeiro homem (e fisicamente real) que realmente sofreu e morreu na cruz para que seu sacrifício substitutivo pelo pecado fosse aceitável (Hebreus 2:14-17). Uma concepção bíblica de Jesus afirma tanto a Sua humanidade completa quanto a Sua divindade completa.

O Gnosticismo é relacionado à heresia do movimento Nova Era e é baseado em uma abordagem mística, intuitiva, subjetiva, interior e emocional da verdade. Essa abordagem não é nova, pelo contrário, é bem velha e volta, de certa forma, ao Jardim do Éden, onde Satanás questionou Deus e as palavras que Ele falou, convencendo a Adão e Eva a rejeitá-las e a acreditar em uma mentira. Ele faz a mesma coisa nos dias de hoje, à medida que “o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar” (1 Pedro 5:8). Ele ainda questiona Deus e a Bíblia e facilmente agarra com suas presas aqueles que são ingênuos e escrituralmente mal informados, ou que estão apenas procurando por alguma forma de revelação pessoal para fazê-los se sentirem especiais, únicos e superiores a outras pessoas. No entanto, revelações extra-bíblicas sempre levam a erro. Devemos seguir o exemplo do Apóstolo Paulo e o seu comando: “Examinai tudo. Retende o bem” (1 Tessalonicenses 5:21). Fazemos isso ao comparar tudo à Palavra de Deus, a única Verdade.


Leia mais:http://www.gotquestions.org/Portugues/Gnosticismo-Cristao.html#ixzz3aoF0Np13

Evangelho Segundo Judas é exemplo do gnosticismo

Michelle Veronese
Escrito há quase 1 700 anos numa língua praticamente desaparecida (o copta, falado no Egito dos primeiros séculos), o chamado Evangelho Segundo Judas pode ser a mais nova chave para compreender o pensamento gnóstico. Encontrado numa tumba próxima ao rio Nilo e traduzido recentemente pela National Geographic Foundation, o documento conta que o discípulo que dedurou Cristo aos romanos, na verdade, teria feito isso a pedido do próprio mestre. “Jesus pede que Judas o entregue logo, porque quer deixar a prisão que é o corpo dele. O conceito de que o corpo é uma prisão é profundamente gnóstico”, diz Schiavo. Em vez de traidor, Judas emerge como herói, o único apóstolo que sabia o destino de Jesus (um conhecimento secreto, mais uma idéia gnóstica), escolhido para a missão por ser o mais leal.

Fora da Bíblia

Evangelho de Maria
Os gnósticos cristãos podem ter escrito outros textos que não entraram no Novo Testamento, como o Evangelho de Maria, datado do século 2 ou 3. Lá, em vez de prostituta, Madalena é líder religiosa.
Evangelho de Felipe
Descoberto em 1945, perto de Nag Hammadi, no Egito, conta que Maria Madalena era a discípula favorita, a quem Jesus beija na boca.
Evangelho de Tomé
Também de Nag Hammadi, do século 2, traz uma coletânea de 114 “ditos secretos” atribuídos a Jesus.